Após eleições, otimismo de empresas brasileiras atinge maior nível em mais de quatro anos
Publicado em: 19 de Novembro, 2018O fim da incerteza eleitoral injetou otimismo nas empresas brasileiras e levou, em outubro, o indicador que mede a expectativa com os negócios ao maior nível desde junho de 2014, aponta, em relatório, a IHS Markit, empresa de informações.
A confirmação da vitória de Jair Bolsonaro (PSL) aumentou a confiança na atividade das empresas e também teve influência positiva em suas perspectivas de receita, lucro, empresa e investimento, mostra o documento.
Eleições 2018
Eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) comemoram vitória do candidato na Avenida Paulista na noite deste domingo (28) após término da apuração das eleições 2018 Jardiel Carvalho/Folhapress
Em outubro, 67% das empresas esperavam melhora em seus negócios, ante 44% em junho. É o maior patamar desde junho de 2014, última vez em que o indicador esteve acima dos 60%.
“O sentimento é o mais intenso em nível global, com melhoras evidentes nos setores de indústria e serviço”, indica o relatório.
A injeção de confiança é baseada na percepção de que o novo governo eleito vai gerar estabilidade monetária, econômica e política.
“As companhias também preveem mais investimentos, oportunidades de exportação, criação de empregos, ajustes políticos e possíveis reduções de impostos como oportunidades-chave de crescimento.”
Pollyanna de Lima, principal economista da IHS Markit, afirma que o Brasil teve um dos melhores desempenhos no indicador, mesmo em um cenário de enfraquecimento da confiança no mundo.
Segundo ela, o país registrou, em outubro, os mais fortes graus de otimismo em relação a atividade de negócios, investimentos, lucro e empregos.
“Em todos os casos, o sentimento melhorou desde o meio do ano, refletindo a eliminação de preocupações políticas e econômicas em meio ao fim das eleições presidenciais.”
Ela diz ser particularmente animador olhar para as intenções de contratação, que se fortaleceram até chegar a uma máxima em seis anos, o que reforça a expectativa de redução dos níveis de desemprego.
No trimestre encerrado em setembro, a taxa de desemprego no país recuou para 11,9%, com um total de 12,5 milhões de brasileiros sem trabalho.
Além disso, prossegue a economista, os planos das empresas indicam que os investimentos nos negócios podem desempenhar um papel importante em fortalecer o crescimento.
Apesar do otimismo, as companhias ainda identificam desafios, entre eles a desvalorização do real, que pode elevar os preços de itens importados, dificultar os investimentos e atrapalhar a evolução tecnológica do país.
Outras ameaças citadas são os gargalos em infraestrutura, pressões concorrenciais e riscos de veto de reformas pelo Congresso.
A inflação é uma preocupação, com muitas empresas vendo aumento de preços por pressão de combustíveis, materiais importados e do setor agrícola.
“Algumas empresas também aumentaram a preocupação com relação ao poder de monopólio de produtores de plástico e com a maior presença de produtos chineses no Brasil”, indica o relatório. Por esses fatores, as companhias preveem aumentar os preços nos próximos 12 meses.
Antes de ser sentido pelas empresas, o efeito Bolsonaro já havia sido identificado no mercado de capitais brasileiro.
O candidato era visto como opção mais amigável ao mercado em comparação com o risco de um governo Fernando Haddad, do PT. O otimismo confirmado pela empresa no relatório já era patente no mercado financeiro.
A partir do momento em que ficou evidente a vitória do capitão reformado, o dólar passou a cair e a Bolsa voltou a subir. A desvalorização acumulada da moeda americana desde setembro é de 8,2%, enquanto o Ibovespa avança 15,4%.
Otimismo nos mercados
8,2% é a queda acumulada do dólar desde setembro
15,4% é a valorização acumulada da Bolsa de SP no período
44% era o percentual de empresas que, em junho, esperaram melhora os negócios; índice foi a 67% em outubro, diz a empresa IHS Markit
Fonte: Folha de SP